No Grupo Pereira, empréstimo pessoal e consignado vão parar nas gôndolas
Em estágio de implementação, o Vuon pretende oferecer empréstimos pessoais para a sua base de clientes, que conta com mais de 1,2 milhão de cartões emitidos
Por Ivan Ryngelblum | O Vuon, empresa que cuida dos cartões private label e do clube de vantagens do Grupo Pereira, obteve a certificação de Sociedade de Crédito Direto (SCD) do Banco Central (BC) em julho e já traçou uma estratégia para dobrar a sua carteira de crédito de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos.
Em estágio de implementação, o Vuon pretende oferecer empréstimos pessoais para a sua base de clientes, que conta com mais de 1,2 milhão de cartões emitidos, sem ir para o chamado “mar aberto” neste primeiro momento.
Com taxas “na média do mercado” – pesquisa do Procon-SP apontou que, em setembro, a taxa média de juros para empréstimo pessoal foi de 7,97% ao mês – , os recursos poderão ser utilizados fora das empresas do grupo.
“Entendemos que havia uma oportunidade a partir do momento em que o Vuon alcançou um volume de clientes bastante significativo”, diz Rafael Souza, diretor do Vuon, ao NeoFeed. “Estamos ampliando o leque de soluções para a parte de relacionamento e manutenção da nossa base de clientes.”
Segundo Souza, o private label, que atualmente corresponde a mais de 20% das vendas do grupo varejista, atende uma parcela da população não bancarizada e que busca uma oferta de crédito, o que representa uma oportunidade para a companhia se aproximar ainda mais desses clientes.
Fique Por Dentro
Grupo Pereira quer dobrar carteira de crédito do Vuon em cinco anos
Vuon conta com uma base de 1,2 milhão de cartões emitidos
Vuon deve oferecer soluções financeira para outras frentes de negócios
Além da parte de crédito, o Vuon também oferece outros produtos para fidelizar os clientes do Grupo Pereira, como assistência odontológica, em parceria com a SulAmérica, e seguros, com a Tokio Marine. “Ao colocar mais produtos, mais oferta de crédito, nas mãos dos clientes, entendemos que vamos fortalecer nossa relação com eles e deles com as nossas marcas”, diz ele.
Um segundo serviço financeiro que surge na esteira do aval do BC é o crédito consignado, que será direcionado para os funcionários do Grupo Pereira, que conta com mais de 22 mil pessoas, empregadas em 117 unidades de negócios espalhadas por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
O Grupo Pereira é uma potência do setor varejista, embora seja pouco conhecido no eixo Rio-São Paulo. Com faturamento de R$ 13,1 bilhões no ano passado, a empresa tem a rede de supermercados Comper e o atacarejo Fort Atacadista, além de agência de turismo, braço de logística e gestão de restaurantes.
“Com a nossa base de funcionários, a ideia é ter um produto bastante acessível, quase que como um benefício”, diz Souza. “Dos 22 mil funcionários, grande parte é de piso de loja, que tem necessidade de pegar recurso adicional.”
Leque de serviços financeiros
O Grupo Pereira vinha há pouco mais de um ano trabalhando para aumentar a oferta de produtos financeiros do Vuon, que está no quinto ano de existência no formato atual, de uma operação proprietária de cartões private label, depois de atuar em parceria com a Bradescard.
Atualmente, a unidade conta com um volume transacionado anual de cerca de R$ 2,5 bilhões.
Para financiar os empréstimos e a operação de private label, o Vuon conta com recursos de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) de R$ 150 milhões de patrimônio. Souza diz que não há planos no momento de captar recursos de terceiros.
Neste primeiro momento, o foco do Vuon está em implementar os empréstimos pessoais e o consignado aos funcionários, que devem começar a ser ofertados no primeiro semestre do ano que vem. Mas o braço financeiro do Grupo Pereira considera agregar outros produtos ao portfólio, incluindo soluções para as outras frentes de negócios.
“A razão de existir da SCD é ter um instrumento de crédito e financiamento para os negócios. Nosso roadmap é atender todos os negócios do grupo”, diz Souza.